2006-09-27

Excertos da casa de Bernarda Alba (Peça de 2004)

Excertos da Casa de Bernarda Alba,
de Federico García Lorca



Podemos escapar do que nos constrange? O poder é mais forte que o desejo?
As ambivalências e as descontinuidades habitam A Casa de Bernarda Alba, peça maior do poeta e dramaturgo Garcia Lorca, assassinado durante a Guerra Civil Espanhola.
Como palco de todas as formas de opressão, A Casa exibe as filhas de Bernarda Alba submetidas ao regime ditatorial que é continuamente reproduzido nas relações interpessoais. O realismo do quotidiano desse drama de mulheres em vilarejos da Espanha conjuga-se com o surrealismo vindo dos absurdos que se revelam na constância da mão forte de Bernarda. A pressão pela continuidade de um mundo servil vê-se todo o tempo em crise diante das novas experiências e da inalienável presença do corpo.
A tragédia, pois, impera diante da imanência da certeza da ruína.
Para que a casa exista e perdure são preciosos os escombros, o trabalho da memória nos incidentes que se tornam irreversíveis. Sob um céu de chumbo e dentro de um verão interminável, as filhas de Bernarda iniciam-se na ciência da vera e fera existência.



“Uma tragédia severa e simples.”
Assim define Federico García Lorca a que das suas mais emblemáticas obras “A casa de Bernarda Alba”. Uma tragédia de mulheres acorrentadas a preconceitos e mitos que um convencionalismo social, tão cruel como vazio de valores, defende ferozmente – mesmo à custa do esmagamento da pessoa.
Ao longo da peça são vários os sentimentos que se cruzam num constante confronto entre a autoridade e a liberdade, num desesperado conflito entre a realidade e o desejo. Esta é uma peça onde se percebe o sopro fatalista que o poeta, um dos maiores nomes da literatura castelhana do séc. XX, foi buscar à Andaluzia da sua infância.

Anabela Ferreira,
encenadora



"Aparecem como árvores eternas na paisagem sufocante do Alentejo…"
Esta frase resume, para mim enquanto encenadora, como foi este processo de trabalho, longo e sujeito às intempéries da vida.
Um pouco intenso, quente, fervoroso, cheio de pequenas cumplicidades e arrufos que foram sendo trabalhados durante estes dois últimos meses até se conseguir apresentar ao público este drama típico das sociedades matriarcas, cridas sob o machismo da época.
Foi um desafio à persistência de qualquer um, no fim, ganhou a vontade de fazer teatro.
E, agora aqui, que ninguém nos ouve…estou contente, porque acima de tudo achei pessoas que não tiveram medo de apostar e acreditar em mim e se deram de corpo e alma a este trabalho.
Obrigada a estas 8 mulheres pelo resultado a que chegámos para vos apresentar.

Rosa Souto Armas,
(La Poncia)





A Peça



























Ficha Técnica



Sem comentários: